sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Dilma: Anistia cria País sem regras

Após desocupação da Assembleia Legislativa, PMs da Bahia rejeitam proposta do governo e mantêm paralisação .

Brasília. Na primeira declaração sobre a greve de policiais militares da Bahia, que entra hoje no décimo primeiro dia, a presidente Dilma Rousseff (PT) disse que respeita as reivindicações, mas não concorda com anistia para policiais que cometeram crimes na paralisação. Ela foi incisiva ao dizer que "crimes contra o patrimônio, pessoas e a ordem pública não podem ser anistiados. Se anistiar, vira um país sem regras", afirmou.

"Não consideramos que seja correto instaurar o pânico, instaurar o medo, criar situações que não são aquelas compatíveis com uma democracia. Eu não considero que o aumento de homicídios na rua, queima de ônibus, entrar encapuzados em ônibus, seja a forma correta de conduzir o movimento", afirmou.

A presidente disse que ficou "estarrecida" com as gravações telefônicas, divulgadas pela TV, que revelam conversas de líderes dos policiais e bombeiros baianos no sentido de radicalizar o movimento, estendendo-o, inclusive, para outros estados. 

As declarações da presidente foram dadas durante visita às obras da Transnordestina, em Parnamirim (PE). 

Sem acordo

Em assembleia, os policiais grevistas da Bahia decidiram ontem que a paralisação continua. Os PMs rejeitaram os termos propostos pelo governo do Estado e esperam nova proposta. A estimativa é de que 6.000 pessoas participaram da reunião, que ocorreu no sindicato dos bancários. Uma nova assembleia dos grevistas está marcada para as 16h de hoje. 

A saída dos cerca de 300 policiais militares que estavam na Assembleia Legislativa e a prisão do principal articulador da greve, o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros, Marco Prisco, enfraqueceu o movimento. Após decidirem manter a paralisação, os policiais militares diminuíram as reivindicações. Em sete cidades do interior da Bahia, policiais já anunciaram o retorno às atividades. 

Os grevistas querem a revogação dos 13 mandados de prisão contra líderes do movimento e admitem que encerram a paralisação se houver pagamento de alguma parte da Gratificação por Atividade Policial do nível 4 (GAP 4) em março e antecipação do pagamento da GAP 5 (previsto 2014). O governo do Estado, entretanto, diz não ter espaço no orçamento para atender às reivindicações.

Gravações

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), enviou ao colega e aliado Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ) cópias das gravações em que líderes do movimento grevista conversam e combinam atos de vandalismo. 

As gravações citam conversas em que um bombeiro fluminense fala em inviabilizar o Carnaval do Rio. O deputado federal Anthony Garotinho (PP-RJ) conversou com o cabo Benevenuto Daciolo, líder do movimento dos bombeiros no Rio. Ele afirma que não incentivou a greve. Já a deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ) - que conversava com Daciolo na gravação - afirmou que pretendia garantir a anistia dos líderes grevistas. 

Sobre o direito de greve para as polícias, Dilma disse que "essa é uma questão que tem de ser debatida no Brasil". O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, havia negado que o governo vá desengavetar o projeto que cria regras para greves de servidores após a onda de paralisações. 

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/

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